Oito mil toneladas de barbatanas são processadas anualmente, sendo que elas constituem apenas 4% do corpo do animal. Parecem números exagerados, mas foram dados confirmados num estudo de 2013, publicado na revista científica Marine Policy.
Pesquisas indicam que este número pode até rondar as três centenas de milhões.
O mais temível predador do mar é morto pela prática desumana conhecida como “Shark Finning” que consiste exclusivamente na remoção da barbatana do tubarão. Após a retirada das barbatanas, o animal é lançado ao mar e, já sem o órgão que lhe fornece equilíbrio e orientação para se mover, afunda lentamente até a morte. Esta crueldade ocorre em alto mar e os barcos só transportam as barbatanas dos tubarões, uma vez que a sua carne é considerada de baixo valor e não compensa ser transportada.
O fenómeno “Shark Finning” fatura milhões e através dele as barbatanas são utilizadas para confecionar uma sopa, que pode chegar a custar até 100 dólares nos restaurantes, cujo sabor depende apenas do tempero utilizado pelo cozinheiro, visto que as barbatanas não apresentam qualquer paladar. Sendo um dos quatro “tesouros” da cozinha chinesa, esta receita é considerada pelos orientais como afrodisíaca e, para além disso, como um símbolo de poder e riqueza.
A China sempre foi considerada um dos maiores mercados consumidores de barbatanas, sendo Hong Kong conhecida como a “capital da barbatana de tubarão”.
Apesar do principal mercado consumidor ser a Ásia, o problema é mundial. Embora muitos países tenham proibido a venda do produto, algumas leis ainda permitem a captura e a venda das barbatanas a países onde os mercados são legais.
Por serem grandes predadores, estão no topo da cadeia alimentar e contribuem para o controlo e para a saúde das populações das suas presas. Além disso, muitas vezes se alimentam de bichos doentes e velhos. Os tubarões mais procurados são o tubarão martelo, que possui barbatanas maiores, e o tubarão azul. Estes são mortos por uma pesca descontrolada e insustentável que está a diminuir a população de tubarões em todo o mundo e a desequilibrar o ecossistema marinho.
Animais que existem há cerca de 320 milhões de anos correm o risco de deixar de existir no nosso planeta. A taxa reprodutiva lenta dos tubarões e a sua procura excessiva e descontrolada tornam-os vulneráveis à extinção. No mundo, cerca de trinta espécies de tubarão estão em risco de extinção.
Este é o preço da ostentação e ilustra ser um mar sem fim. Então, quando estiver a viajar e sentir-se tentado a experimentar a gastronomia local, pare e pense se aquele prato representa uma tradição que merece ser preservada ou se é apenas a herança de uma prática que há muito deveria ter sido extinta.
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