No coração de Portugal, deparamo-nos com algo único e espetacular. Um espaço que envolve dois distritos, Leiria e Santarém, e outros tantos concelhos. Riquíssimo quer a nível Biológico ou Geológico. “Uma área que não é suficientemente valorizada pelo povo que a habita.”, diz Marta
Tristão, residente na freguesia de Mira de Aire.
Encontramo-nos no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, PNSAC.
Monumentos Naturais pertencentes ao Parque, como o polje de Mira – Minde, é um fenómeno geomorfológico de rara ocorrência, e situa-se entre as vilas de Mira de Aire e Minde. Resulta de uma depressão calcária plana, com nascentes temporárias, que separa a Serra de Santo António da Serra d’Aire. O polje Mira- Minde está classificado como reserva mundial pela Convenção de Ramsar.
Numa entrevista a diferentes faixas etárias, obtivemos respostas com pontos de vista distintos em relação à importância do polje.
Estudantes moradores em Mira de Aire, 15 a 17 anos, quando questionados à cerca do valor regional do polje, elaboram respostas com divergência relativa. “É um bom habitat natural.”, afirma Leonor Ferreira de 17 anos. Francisco Custódio, 15 anos, recorda a importância do polje para o abastecimento das famílias: “É uma fonte de sustento para muitas famílias da vila, tanto a nível agrícola, como da pecuária.” Por outro lado, Leandro Calçada, 15 anos, declara: “É fixe para organizar festas como a Mata d’Aire!”, (evento bienal que ocorre na parte Mirense do polje durante o mês de julho). Quando interrogados pela importância a nível nacional surgem contestações de outro caracter. “Apenas é mais uma reserva, pertencente ao PNSAC que exige manutenção e por isso mais custos”. Luana Pimenta, 15 anos, contrapõem: “O polje representa um lugar abastado de biodiversidade onde podemos encontrar espécies que são raras em Portugal, como a cobra venenosa”. A última questão elaborada consistiu na importância do polje a nível mundial, para a qual as respostas foram nulas.
Esmeralda Justino, 42 anos, habitante em Mira de Aire e assistente bibliotecária na escola Secundária da freguesia tem uma opinião que diverge com a de alguns estudantes. O inquérito foi do mesmo tipo. Qual a importância do polje a nível regional, nacional e mundial. “A nível regional, o polje, apresenta uma enorme riqueza local em termos agrícolas, inclusive as árvores de fruto, graças à terra fértil, e também uma forte componente a nível da pecuária.”, afirma. Acrescenta “Em termos naturais o polje envolve flora e fauna variadas.” Esmeralda sublinha: “O motor do polje, a todos os níveis, do regional ao mundial, é o turismo.” “Há muitas famílias envolvidas em atividades de lazer desde caminhadas, passeios de bicicleta ou mota, e até atividades de geocaching.”
“Todos os dias dedico minutos da minha vida para apreciar o polje” termina.
As Grutas de Mira de Aire, a Fórnea e as Pegadas dos Dinossauros são outros dos tantos monumentos naturais, dentro de PNSAC, e sagrados para o Dr. Hélder Cacito Marto, residente em Fátima, professor da disciplina de Biologia- Geologia na escola de Mira de Aire.
Na turma do 11º CT, da escola secundária de Mira de Aire realizou-se uma sondagem do número de alunos que já visitou a Cova da Velha, (Fórnea), (raio de 8km), a nascente dos Olhos de Água (12 km) e as Pegadas dos Dinossauros (16 km). Os resultados foram os seguintes, de uma amostra de 12 alunos:
- 66% dizem já ter ido à Cova da Velha;
- 92% já foram aos Olhos de Água;
- 66% visitaram as Pegadas dos Dinossauros.
Perante os dados obtidos, Hélder, fica estupefacto com os valores, dada a raridade dos monumentos naturais mencionados e o raio de distância ser tão irrisório.
Por outro lado, o PNSAC, também é conhecido como reino da pedra, com precisão, do calcário.
Miguel Rosário, Alvados, concelho de Porto Mós, quando se refere às pedreiras do concelho, não consegue formar uma opinião. “Não sei se fico feliz pela economia do concelho/ distrito/ país ou triste pelo facto de destruir locais de flora e fauna ímpar, assim como o incrível gasto de recursos”, palavras do mesmo. Acrescenta ainda “Apenas estamos a colher os frutos de uma árvore que não plantámos e que não volta a dar.”
Finalmente, conclui-se a desvalorização significativa da população e quando há interesse, este revela-se a fim de conquistar alguma posição económica no mundo dos negócios, as pedreiras, ou pelo simples sustento de famílias, agricultura e pecuária. Avista-se um desinteresse geral no que diz respeito à raridade do meio, à sustentabilidade das espécies e a conservação da região.
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