Nos últimos anos, o turismo em Cascais tem aumentado drasticamente e é cada vez mais um pilar da economia local. Para este aumento contribuíram vários locais de grande atracão turística, entre eles o famoso lapiás e as arribas. Especialmente durante os meses de maior calor, milhares de turistas passeiam pela nossa costa e visitam as praias que a recortam, gerando receitas para o município. Contudo, em todos os guias turísticos cascalenses existe um especial foco na desconcertante antiga gruta da Boca do Inferno.
As enormes ondas que outrora contribuíram para o colapso da gruta causam ainda tremores desconfortantes. Esta aventurosa visita proporcionada aos turistas não deixa, no entanto, de ser segura. Por outro lado, este geossítio é também de grande interesse aos olhos de um geólogo, dada a sua geodiversidade e o seu conteúdo fossilífero. Os calcários dolomíticos e dolomitos apresentam uma carsificação intensa, sendo ideais para o estudo e observação da erosão das rochas.
Assim, as cavidades do lapiás, devido à dissolução prolongada dos próprios calcários erodidos, estão preenchidas por Terra Rossa. Uma outra prova da carsificação intensa é a presença de vestígios de estalactites e estalagmites quebradas em alguns locais, evidenciando a existência de antigas grutas calcárias. Em estratos inferiores é também possível observar-se níveis ferruginosos com pequenos calhaus polidos, indiciosos de uma transgressão marinha e de antigas praias no período Quaternário.
Quanto aos fósseis presentes no local, destacam-se amonites, dentes de peixe, ostreídeos e gastrópodes. Estes são essenciais para o estudo e compreensão da história geológica de Cascais. Assim, se não era já, torna-se clara para todos a importância do Lapiás da Boca do Inferno. A sua contribuição para o crescimento da economia local e para o conhecimento do passado da nossa região são argumentos suficientes para que se continue a proteger este geossítio. Como? Sensibilizando os visitantes para um turismo sustentável e restringindo o espaço que é permitido visitar, de modo a evitar a degradação e poluição deste Geossítio.
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