Durante o nosso quotidiano, sem nos apercebermos, estamos sujeitos a milhares de condicionantes da nossa saúde. O nosso estado de completo bem-estar físico, mental e social é o que dita o desenvolvimento dos nossos potenciais humanos, sendo este influenciado tanto pelo ambiente biofísico como pelo ambiente psicossocial que nos rodeiam.
O facto de pertencermos a um ecossistema obrigatoriamente integra as nossas ações em todo um ciclo biológico, tornando assim a Humanidade num agente influenciador do equilíbrio natural. Considerando as necessidades que compreendem o bem-estar do ser Humano, nenhum parâmetro da natureza passa despercebido. Necessitamos de uma atmosfera para respirar, agua e alimentos para manter o nosso equilíbrio biológico, uma adequação ao clima que nos rodeia e até mesmo de um espaço que ofereça segurança. Para além destes condicionantes fisiológicos, vivemos em sociedades que adicionam a segurança económica e social como fatores determinantes da nossa saúde, tendo assim a civilização desenvolvido toda uma rede de serviços e negócios que atualmente regem cada conjunto de pessoas. Sendo o ser Humano o “animal” mais complexo e diverso que o planeta Terra contém, por vezes pode tornar-se difícil a gestão do impacto que a nossa espécie tem no mundo natural.
É, então, devido a todos estes factos que a Humanidade deve lidar com as suas próprias consequências.
Saúde Ambiental e os profissionais
O Curso de Saúde Ambiental
Compreendendo-se como a área que estuda todos os aspetos da saúde humana que são determinados por fatores ambientais, sejam estes físicos, químicos ou psicossociais, Saúde ambiental é a faculdade que trabalha na avaliação de riscos para a saúde humana e como reduzir, prevenir ou até mesmo corrigir os mesmos. A criação deste curso foi ditada pela necessidade de pessoal mais qualificado, face aos desenvolvimentos das atividades anteriormente referidas.
Segundo a informação disponibilizada no site oficial do Instituto Politécnico de Coimbra, no separador destinado à licenciatura de Saúde Ambiental, “este ciclo de estudos visa desenvolver no aluno capacidades humanas, intelectuais, científicas e técnicas na área da sua competência, promovendo habilitações necessárias à execução de tarefas e resolução de problemas compatíveis com o seu exercício profissional, desenvolvendo uma atitude e sentido de responsabilidade perante a comunidade e outros profissionais”. É referido também que “o licenciado ficará habilitado, em equipas multidisciplinares, a atuar no controlo sanitário do ambiente, cabendo-lhe detetar, identificar, analisar, prevenir e corrigir riscos ambientais e ocupacionais para a saúde, atuais ou potenciais, originados por fenómenos naturais ou antropogénicos”.
Testemunhos de Licenciados em Saúde Ambiental
Num sentido de pesquisa e aprofundamento de conhecimento acerca do curso e de quem o frequenta/frequentou, foram abordados um grupo de indivíduos licenciados em Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra com idades compreendidas entre os 24 e 25 anos e com data de matrícula no ano de 2015 e conclusão no ano de 2019.
Foi possível verificar que a vasta maioria colocou saúde ambiental como a sua primeira opção no momento da sua candidatura ao ensino superior, justificando tal decisão com a diversidade de ofertas de emprego numa perspetiva de pós-licenciatura.
Foi admitido por alguns membros que inicialmente não se encontravam totalmente interessados no curso em si, pretendendo usar este como um meio de acesso a outras ofertas formativas da mesma instituição, mas que depois de serem confrontados com a oferta de unidades curriculares se sentiram cativados e acabaram por permanecer no curso.
Relativamente a esse mesmo tópico, as unidades curriculares, foi exposto que estas são adequadas considerando as possíveis áreas de intervenção de um técnico de saúde ambiental, apesar de apresentarem um cariz mais teórico, tendo sido referido uma preferência unânime por uma oferta maior de cadeiras práticas ou casos práticos. Para além disso, apesar de não considerarem nenhuma destas desnecessárias, foi referido que algumas cadeiras vêm “tarde de mais”, como por exemplo a unidade curricular de Direito, que foi referida como uma cadeira que deveria ser de 1º ano ao invés de 3º ano, por oferecer as bases essenciais que facilitam a pesquisa e interpretação de decretos-lei que se demonstram essenciais noutras cadeiras.
Quando abordados em relação às áreas que lhes despertaram mais interesse, as respostas variaram, sendo referidas por exemplo as áreas de Higiene e Segurança no Trabalho, Qualidade Alimentar, Saúde Publica e Controlo da Qualidade de Águas, tendo sido precisamente nestas onde realizaram os seus estágios afirmando a utilidade das competências adquiridas em cada cadeira.
De modo geral, os membros deste grupo de análise encontram-se satisfeitos com a oferta formativa e vasta empregabilidade nas diversas áreas, mas que esse mesmo fato se pode demonstrar como uma desvantagem, pois não oferecer especialização numa determinada área pode colocar o licenciado em desvantagem perante alguém com um curso mais especializado.