Vitivinicultura Duriense: Desafios para o Futuro?

De que forma as alterações climáticas afetam a vitivinicultura no Douro? Estas têm necessariamente que ser encaradas como um problema ou poderão constituir uma nova oportunidade para a região?

No dia 4 de maio, a turma 11ºF da escola secundária Dr. João de Araújo Correia assistiu a uma palestra proferida pelo engenheiro João Rodrigues, secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do Douro. Esta foi criada em 2009 e é constituída por 19 municípios.

Esta palestra ocorreu no âmbito do projeto ClimActiveCitizen: Conectando Cidadania e Ciência para a Adaptação Climática – ClimActiC. Este projeto de investigação é coordenado pelo Centro de Investigação e Intervenção Educativas, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da universidade do Porto, e integra 4 Centros de Investigação desta instituição (Ciências da Educação, Psicologia, Física e Engenharia). O objetivo é envolver os estudantes na identificação e análise de um problema climático da região em que se insere a sua escola. Professores, alunos e investigadores têm refletido sobre os impactos das alterações climáticas na vitivinicultura da região.

A sessão começou com a explicação do que são as alterações climáticas registadas ao nível da temperatura do planeta. Esta aumentou 1,1 graus Celcius desde a era pré-industrial. Até ao final do século, a temperatura pode aumentar entre 3 a 5 graus Celcius. Há ainda poucos estudos sobre os impactes na Região Demarcada do Douro.

A utilização de combustíveis fósseis sobretudo nos meios de transporte é uma das principais causas das alterações climáticas.

Na região do Douro, as consequências das alterações climáticas fazem-se sentir na antecipação do momento da vindima, na alteração do ciclo vegetativo, antecipação da maturação, aumento da erosão dos solos, redução da fertilidade, vigor e perenidade das vinhas, redução da quantidade e qualidade dos recursos hídricos, alterações na fisiologia a videira e aumento da incidência e tipologia de pragas e doenças, muitas vezes resultantes de mudanças bruscas das condições meteorológicas. Verifica-se um aumento da incidência das doenças do lenho, que afetam a parte lenhosa da videira. O grau de incidência destas doenças e a vulnerabilidade às alterações climáticas depende da casta, do local, da altitude, da exposição solar e tipo de solo.

O ano 2017 destacou-se por uma antecipação do momento das vindimas em cerca de 2 semanas.

É fundamental para a Região Demarcada do Douro manter a quantidade e qualidade dos vinhos produzidos, pelo que estão a ser pensadas estratégias que permitam a adaptação da região às alterações climáticas. Por exemplo, deve privilegiar-se o cultivo da vinha nas vertentes a Norte como forma de reduzir a exposição solar e o aumento da temperatura. O cultivo pode deslocar-se mais para Norte, podendo surgir novas áreas de produção que podem ser concorrentes dos vinhos da região. Outra alternativa é o cultivo em áreas de maior altitude, devido à sua temperatura mais baixa.

No fim da sessão, todos os intervenientes concordaram que as alterações climáticas devem ser encaradas não como uma fatalidade para a região mas como uma oportunidade de desenvolvimento da mesma. Para que esta adaptação aos desafios impostos pelas alterações climáticas se concretize e se traduza num acréscimo de desenvolvimento para a região é necessário aproveitar a informação que nos é fornecida através de instituições como a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro que tem uma formação de excelência ao nível da vitivinicultura.