A Casa do Barro, no Fundão, que opera desde 30 de Agosto de 2015, dá a conhecer à comunidade a história e as utilidades do barro, assim como as raízes do mesmo, podendo este material tornar-se uma alternativa mais sustentável para os dias de hoje.
Esta Casa é uma antiga casa de oleiros que atualmente tem como principal função preservar a história dos oleiros desta região e da arte por estes praticada ao longo dos anos. A denominação “Telhado” foi atribuída a esta freguesia pois na olaria eram feitas as telhas para os telhados.
Segundo um dos colaboradores da Casa do Barro, Alexandre Leonardo, a utilização do barro diminuiu bruscamente devido ao aparecimento de recursos menos sustentáveis, como por exemplo o plástico e o vidro que apresentam características mais vantajosas na ótica do utilizador.
Ainda na mesma perspectiva, Alexandre Leonardo assume que o barro pode ser uma inspiração para substituir o vidro e o plástico. Este aponta como vantagem um modelo de economia circular visto que a produção do vidro e plástico segue um modelo linear, que por outras palavras significa o uso intensivo de recursos naturais e geração de resíduos. Desta forma, a substituição dos materiais assegura uma redução drástica da pegada ecológica.
Durante o processo de produção, é apenas utilizada a argila proveniente do barreiro, água, e madeira para aquecer os fornos a elevadas temperaturas nomeadamente 1100 ºC, no entanto de modo a eliminar qualquer resíduo existente, a Casa do Barro utiliza uma via mais sustentável, utilizando restos de madeira das carpintarias para aquecer os fornos, eliminando assim um resíduo de outra entidade havendo uma coligação e entreajuda, ficando ambas a ganhar.
O barro pode ser utilizado para diversos fins como por exemplo, reduzir o desperdício de água na rega das plantas, através de um instrumento chamado Oya que foi desenvolvido através de uma parceria entre a Escola Básica da Serra da Gardunha e a Casa do Barro. Este material permite o isolamento térmico característica esta, que remete ao Antigo Egito, que já na época utilizavam as paredes de argila para arrefecer e aquecer o ambiente interno das casas. Através dele, também é possível produzir diversas peças de loiça, utilizadas no nosso dia a dia, por exemplo, tachos que dão mais sabor à comida feita nos mesmos.
O aparecimento das impressoras 3D mostram ser também, uma mais valia para a indústria do barro, uma vez que permitem construir peças mais finas e práticas para o uso diário da população, e isso pode ser uma mais valia permitindo uma maior adesão dos seus utilizadores.
O vidrado aplicado no barro permite a impermeabilização do mesmo, contribuindo para um armazenamento mais eficaz de líquidos e impede a respectiva absorção. Para além do mais, o barro é um material da natureza que mesmo descartado têm a capacidade de se decompor sem problemas para o ambiente, voltando ao seu estado natural, podendo ser utilizado futuramente estando em constante renovação.
O regresso ao uso do barro além de poder constituir uma mais valia para o ambiente, gera um maior reconhecimento pelos Oleiros, que têm vindo a ser esquecidos ao longo dos anos, e por isso atualmente, a Casa do Barro promove regularmente ateliês de olaria, dos quais se destacam a “ Escolinha do Barro”, destinada a crianças e à população em idade escolar.
No entanto, fica a questão: Será o ofício do barro uma competência do futuro ?
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