A arte sustentável em vias de extinção

Nas calmas horas de maré baixa, os resistentes da pesca tradicional surgem no areal de Esposende . À mercê da natureza e da sorte, os pescadores, de bicheiro na mão, aproveitam para tentar apanhar polvos abrigados nos trilhos de rochas descobertos com o recuo do mar. No entanto, cada vez mais o cenário está a mudar para os guardiões desta tradição que ainda vão à procura do polvo.

Manuel Cruzeiro, pescador há mais de 28 anos, começou a praticar a pesca do polvo numa altura onde a quantidade deste molusco era abundante. Com o início da pesca industrial a grande escala, Manuel viu o potencial de produtividade das suas extrações marítimas diminuir, “Há uns 30 anos havia muitos mais peixes, mas agora há barcos maiores, (…) . São barcos de 20 ou 30 metros, que andam todo o ano no mar, vão muito mais para dentro do mar e o polvo não chega a vir  à terra, e o que chega é pouco”.

Este ofício é incerto, depende do tempo e do estado mar, no entanto, não há apoios que contrapõem todas as adversidades deste ramo do setor primário, levando a uma  baixa adesão de jovens à profissão, à falta de investimento e ao abandono. Para os pequenos pescadores é difícil acompanhar as mudanças industriais que os asfixiam e que levam a pesca tradicional a extinguir-se, sendo que, em 2001,  23 580  eram os pescadores matriculados, e em 2021, já eram apenas 14 917. “A pesca está a acabar”, teme Manuel.

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Luis Martins