“Por planícies a perder de vista salpicadas de sobreiros e azinheiras, com aromas de urze, lavanda e rosmaninho, sente-se a paz, a calma e a serenidade da Natureza. Uma pegada de javali, uma abelha que poliniza uma flor, um veado que desfila ao longe, uma águia que sobrevoa vigilante, o canto do rouxinol e da cotovia transportam o visitante para o paraíso. Ao longe a Serra de Ossa, imponente. Aproximamo-nos e eis que surgem as primeiras feridas na “Mãe Terra” – as pedreiras de mármore. Com o seu equilíbrio tão perturbado a Terra chora e nós sentimos a sua dor – com uma lágrima no olho.”
Durante uma visita ao Centro de ciência Viva de Estremoz realizou-se a observação de uma pedreira de mármore (na foto), entre as muitas existentes na região. Geologicamente esta região constitui-se como um anticlinal que resulta da colisão de dois blocos continentais, a qual teve como resultado à escala global, a formação de um novo supercontinente – a Pangeia. As rochas carbonatadas que se encontravam à superfície foram enterradas a cerca de 5 quilómetros de profundidade em relação à cota atual, dando origem aos mármores de Estremoz. Estes mármores são atualmente explorados para utilização na construção civil e como rocha ornamental, sendo extraídas várias toneladas por ano, o que tem um peso significativo nas exportações portuguesas. O “desmonte” do mármore é feito em poços utilizando máquinas de fio de diamante, sendo os blocos içados e colocados em camiões que fazem o seu transporte. Contudo, estas explorações, a céu aberto, têm consequências ambientais e paisagísticas significativas. As escombreiras acumulam-se sem qualquer preocupação de armazenamento, podendo contaminar águas superficiais e subterrâneas. A permeabilidade dos solos é alterada e ocorre a destruição da cobertura vegetal, o que compromete todo o equilíbrio da floresta de montado predominante na região.
No percurso pela região observam-se várias pedreiras sem atividade, as quais poderão desempenhar um papel muito importante na resolução do problema das escombreiras, que poderiam ser utilizadas para o enchimento dos poços. Estes seriam cobertos por uma porção de solo de modo a proporcionar o desenvolvimento das plantas afim de proceder à reflorestação.
ENG | “This marble quarry is located in Extremoz. In this region, marbles are located in an anticline, a fold that is convex up and has its oldest beds at its core. In global terms, the collision of the two continental blocks gave way to a new great continent named “Pangea”. The carbonate raw materials located in the surface were buried to a maximum depth of 5 km, thus giving rise to the marble of Extremoz. The marble quarry is currently exploited for civil construction and ornamental use. Moreover, this rocks are mined for several years using open pit methods, which has a significant impact not only in what concerns the environment and landscape, but also in the Portuguese exports. The heaps are storage without special concerns, which means that there’s a real risk of soil and groundwater contamination. This situation has a great influence on the permeability of the soil, uptake of nutrients and, therefore, the fertility of the soil. Thus, grazing cover is destroyed and cork oak forests,which occupies a predominant place in the region, are undermined”.
Bibliografia:
Lopes, L. O Triangulo do mármore. Évora.
Oliveira, J. T. (2013). Geologia da região de Estremoz.
Rodriguez, C. F., & Azpiroz, M. D. Geología de la Zona de Ossa Morena (Huelva).
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