Lisboa é oficialmente Capital Verde Europeia 2020. Tornar a Carris mais sustentável, criar mais espaços verdes, ou apostar na redução do tráfego automóvel no centro da cidade. Os desafios que se avizinham para a primeira capital do sul da Europa a receber o galardão são ambiciosos. Para Medina, este é o ano “da ação, e não apenas da conversa”.
O dia 11 de janeiro de 2020 fica para a história da cidade de Lisboa: a capital é neste início de década a Capital Verde Europeia 2020. Este é o ano em que, afirmou o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, é necessário “dar provas de que queremos acabar com a guerra que a humanidade tem lançado contra a natureza”. Um trabalho que exige coordenação à escala mundial. Lisboa promete fazer a sua parte. Na sessão de abertura, que contou com a presença de António Guterres, o primeiro-ministro, António Costa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, ou o Vice-Presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, o município apresentou os projetos-chave, alguns dos quais a arrancarem já este ano.
A requalificação da Praça de Espanha é um dos projetos anunciados, e promete criar um parque urbano no coração da cidade. Estima-se que, só neste parque, Lisboa ganhará mais 5 hectares de área verde, 790 novas árvores. Com inauguração prevista até ao final do ano, o novo espaço tem como objetivo não só tirar proveito das condições naturais do solo, como também criar uma zona com temperaturas mais frescas, tentando contrariar as ilhas de calor que cada vez mais existem nas grandes cidades.
A mobilidade é uma das áreas com mais problemas na cidade e em toda a Área Metropolitana de Lisboa. A baixa no preço dos passes no ano passado aumentou o número de utilizadores de transportes públicos, na casa dos 20% face ao ano de 2018, mas o número de carros a circular nas zonas mais nobres da cidade está ainda acima da média das principais capitais europeias. Isto mesmo gera impactos negativos no congestionamento das principais artérias de acesso à cidade e nos níveis de emissão de C02. É precisamente por essa área que passa uma das metas mais ambiciosas da autarquia e do governo central: Portugal atingir a neutralidade carbónica em 2050. O ex-Presidente da Câmara Municipal da capital e atual chefe de governo aproveitou a ocasião, inclusive, para anunciar que, a partir de fevereiro, todos os ministros só circularão em viaturas elétricas na capital e na área metropolitana. Nos transportes públicos, o caminho passa por “investir ainda mais”, sublinhou Fernando Medina. O objetivo é reduzir as viagens em automóvel de 57% para 33%, e aumentar em 40% a oferta de transporte público rodoviário na AML. Aos Jovens Repórteres para o Ambiente, o autarca, sobre a Carris, destacou a meta de ter duas carreiras exclusivamente movidas a eletricidade, com o intuito de “reduzir as emissões da Carris em 90% até 2030”. Este é um desafio concedido a Lisboa, mas cujo objetivo é que se trate de um desafio que se alastre a todo o país. Nas palavras de Medina, a responsabilidade assumida por Lisboa deve ter o objetivo de “não só servir como mobilização para aquilo que vamos fazer na cidade, em articulação com o Estado, as empresas, as escolas, os jovens, todos os cidadãos, mas também aquilo que vamos mostrar de exemplo para o país, e que vai permitir mobilizar toda esta agenda ecológica durante este ano e os anos que se seguem”.
Um dos ex-líbris da capital, o Rio Tejo, também está no centro das atenções das medidas a serem tomadas. Está delineado um Plano Geral de Drenagem, que visa permitir a existência de uma rede de distribuição de água reutilizada, ou ainda tornar possível a ida a banhos no Tejo. Trata-se de um projeto cujos detalhes serão revelados com maior pormenor ao longo deste ano, mas que fixa uma meta: criar até 2022 na zona norte da marina do Parque das Nações uma praia artificial. Atualmente, já cerca de 99,7% da água residual descarregada no rio é tratada.
José Sá Fernandes, vereador da Estrutura Verde e da Energia da Câmara Municipal de Lisboa, é um dos grandes artífices do título que a cidade recebeu das mãos do Presidente da Câmara de Oslo, Raymond Johansen. O ano é de desafios, de “muito trabalho”, mas de um trabalho comunitário que deve unir toda a cidade. “Ninguém faz nada sozinho. Deixem-se de ilusões. Do mais novo, que aprende a separar o lixo, ao mais idoso. Mas essencialmente os jovens, e a sua energia. Precisamos dos jovens”, reforçou Sá Fernandes. Lisboa “escolhe evoluir”, e para isso precisa de todos.