O Sr António dedica a sua vida a uma central hidroelétrica na Serra da Lousã mesmo não tendo ordenado.
A central hidroelétrica do Ribeiradio, Ermida, com cerca de 100 anos, está à beira de encerrar as suas portas.
A EDP, que é a entidade exploradora da central, afirma que só mantem a porta aberta devido à persistência da população, visto que o local já é bastante antigo e tem grande valor histórico.
As centrais hidroelétricas trazem bastantes benefícios para o ambiente, visto que nelas é utilizada a energia hídrica para a produção de energia elétrica. Esta obtém-se através do movimento das águas que passam por turbinas, que por sua vez estão ligadas a geradores e convertem a energia do movimento em energia elétrica.
No caso da central da Ermida, a água que é captada para um canal não atinge velocidade suficiente para fazer girar as turbinas de forma a produzir grandes quantidades de energia. Assim sendo, esta não é suficiente para abastecer a vila da Lousã. Para além disso, junta-se o facto de a central ser bastante antiga, com maquinaria muito antiquada, e de necessitar de constante vigilância humana.
O Sr. António é o único trabalhador deste local desde 1988, e não tem ordenado fixo. A sua remuneração é baseada nos KW de energia produzidos, chegando a estar meses sem obter qualquer rendimento. “Há três meses do ano que não é produzida energia nesta central”, afirma o homem que faz o seu quotidiano naquele local envelhecido.
As instalações antiquadas e de pequenas dimensões, com duas turbinas hidroelétricas, não sofreram grandes modificações e não trazem quaisquer benefícios para os lousanenses. “Se esta central não existisse não haveria problemas”, são estas as palavras proferidas por um colaborador da EDP, que só vem a esta central quando existem problemas de força maior que não podem ser resolvidos pelo Sr. António. Menciona ainda que a central traz prejuízo para a empresa e que mesmo que fosse feito um bom investimento a nível de material não trazia melhoramentos, pois o problema não depende apenas da central, mas também das correntes que fazem as águas moverem-se.
A empresa garante que a central não causa qualquer impacte ambiental, e que por ano são investidos milhares de euros para preservar esta área. Fica a questão sobre o que acontecerá àquela central quando o Sr. António decidir despir a camisola…
Autores: Carla Mesquita: Duarte Belo; Inês Amado; Miguel Santos; Sónia Silva