Defender a floresta: uma preocupação

Com a aproximação do tempo mais quente, o risco de incêndio na floresta é muito grande. É um motivo de grande preocupação. Entre outras pessoas, Jorge Paiva (famoso botânico e ambientalista) tem-nos alertado para as causas da desflorestação. Esta pesquisa é, também, motivada pelas suas palavras.

 

A paisagem florestal, em Portugal, não foi sempre assim, como a conhecemos. O território que é hoje Portugal foi um país cheio de florestas de carvalhos, mesmo que pouco tenha chegado do coberto florestal nesse tempo. Mesmo assim, os carvalhos representam a base da floresta nativa portuguesa e o clima em Portugal contribuiu para diversas associações florestais desta família (Quercus) com outras espécies.

A paisagem florestal, originariamente, há 20 milhões de anos, era composta por laurissilva que desapareceu com a glaciação e as alterações que se deram neste território, designadamente, também, porque era o alimento preferido dos dinossauros herbívoros. Persiste ainda uma mata importante desta espécie na ilha Madeira.

A espécie que dominou foram os vários tipos de carvalhos. No sul do país, ainda hoje, predominam as azinheiras e os sobreiros. Este tipo de árvores dividiam, desde há 1,2 milhões de anos, com os pinheiros e outras plantas do género a ocupação do território.

A floresta transformou-se essencialmente por ação do clima e dos seres humanos. Por exemplo na época dos descobrimentos – séc. XV e XVI –  utilizavam, pelo menos, 2 mil carvalhos para construir um barco. (naus, caravelas…). Construíram milhares de barcos. Resultado: a floresta de carvalhos sofreu uma grande devastação. Esta tendência manteve-se até ao séc. XIX quando se começou a plantar o pinheiro-bravo e o eucalipto no séc. XX. O país ficou coberto destas árvores.

A floresta foi sempre importante para as vidas das populações

Esta região (Lusitânia) foi habitada por um povo que se alimentava e vivia daquilo que a floresta dava (bolota, castanha, animais, e a madeira). Com o início do cultivo dos cereais, há 7 mil anos, e a criação de animais domésticos, a desflorestação continuou até ao século XIX.

Ao longo dos tempos, a pastorícia massiva e o desenvolvimento da agricultura, os descobrimentos e a necessidade de construção naval, a construção do caminho de ferro e a necessidade de lenha para fazer funcionar os comboios, o assoreamento dos rios por causa da erosão dos solos, influenciaram a deflorestação.

Em 2017 a área ocupada por floresta em Portugal Continental era 39,0% ou seja 3.472.459 hectares

E agora?

Com o abandono das terras, devido à ocupação de terrenos por árvores de crescimento lento, o aquecimento global e a falta de serviços que garantam a vigilância e manutenção das zonas florestais, bem como o rápido abandono das populações do meio rural, rapidamente caminharemos para a desertificação geral do país e para a situação caótica que vivemos. Com o conhecimento do passado e o que estamos a viver no presente, os erros que cometemos não devem repetir-se.