Velocidade sustentável, uma exploração dos materiais que constituem os carros elétricos

Uma inovação da tecnologia têm sido sem dúvida os carros elétricos e as baterias que os equipam, esta grande inovação está cada vez mais popular. No entanto, a produção destes carros só é possível devido à existência de certos minerais e elementos químicos.

Os carros elétricos estão a ser cada vez mais usados na substituição dos carros convencionais por diversas razões. Mas estes veículos também apresentam aspectos negativos na sua cadeia de produção e não só.

Os veículos elétricos não têm qualquer motor a combustão, têm apenas o motor elétrico. Por esse motivo, é apenas consumida energia elétrica e não são emitidos gases poluentes.

Em termos do chassi do carro elétrico, este passa a diferir sobretudo em relação ao carro convencional, como já dito no motor, e também nas baterias, constituídas por materiais leves como o alumínio, a fibra de carbono e outros materiais.

Na produção de carros são utilizados diversos materiais, alguns com origem nos minerais.

Figura 1- Baterias de um carro elétrico;

 

De acordo com um inquérito feito à população podemos tirar diversas conclusões.

  • Com 79 respostas, temos duas faixas etárias em destaque, dos 12-17 anos (46,8%) e +36 anos (45,6%);
  • O segundo dado analisado é que a maioria tem carro convencional (64,6%) e uma minoria tem carro elétrico (29,1%), os restantes (6,3%) não possuem um carro;
  • O terceiro dado analisado é em termos ecológicos e económicos a importância da mudança do carro convencional para o carro elétrico, temos respostas bastante variadas em termos de importância. A maioria considera importante (51.6%) e o resto da população considerou entre “sem importância”, uma “ligeira importância” e “de grande importância”.

Benefícios ambientais:  Os carros elétricos não libertam poluentes nocivos para o meio ambiente. Isso pode ajudar a reduzir a poluição e melhorar a qualidade do ar, o que pode ter um impacto positivo na saúde humana.

Economia: Os carros elétricos geralmente são mais baratos de operar e manter do que os carros convencionais. Eles exigem menos manutenção e têm custos de combustível mais baixos, o que pode economizar dinheiro a longo prazo.

Segurança energética: os carros elétricos podem ajudar a reduzir a nossa dependência de combustíveis fósseis e aumentar a nossa segurança energética. Isso pode ajudar a proteger-nos da instabilidade económica e política que muitas vezes resulta das flutuações nos preços do petróleo.

Redução de ruído: Os carros elétricos são muito mais silenciosos do que os carros convencionais, o que pode ajudar a reduzir a poluição sonora em áreas urbanas.

O quarto e quinto dado analisado é em termos de extração dos minerais e elementos químicos. Obtivemos respostas surpreendentes em relação à extração dos minerais onde (49,4%) tinham uma ligeira ideia e (15,2%) sabiam exatamente quais eram, os restantes (35,4%) não faziam a menor ideia dos minerais extraídos. Já em relação aos elementos químicos a maioria (45,6%) não fazia a menor ideia, (43%) tinha uma ligeira ideia e o restante sabia exatamente quais eram.

As baterias de carro elétrico e os carros elétricos em si, são constituídos por elementos químicos que são extraídos de vários minerais. Os elementos químicos mais utilizados para a produção das baterias são o lítio (Li) que é extraído da lepidolite, o cobalto (Co) que é um subproduto do cobre e do níquel, o manganês (Mn) que é extraído da pirolusite e o níquel (Ni) que é extraído dos sulfetados. Já na produção dos carros elétricos os elementos químicos utilizados são o zinco (Zn) que é extraído da esfalerite, o cobre (Cu) que é extraído da calcopirite, o silício (Si) que aparece na argila, feldspato, quartzo e areia, a platina (Pt) que é extraída da sperrylite, o titânio (Ti) que é extraído da ilmenite, o ferro (Fe) que é extraído da magnetite e siderite entre outros e o alumínio (Al) que é extraído da bauxite.

Figura 2- minerais dos quais são extraídos os elementos químicos utilizados na produção de carros elétricos;

 

  • De acordo com o sexto dado do inquérito, as pessoas acham que é possível que os minerais como, o lítio, o níquel, o manganês e o cobalto se possam esgotar um dia.

Nas rochas da crosta continental em média só 0.0016% contém lítio, isto quer dizer que em cada 100 kg de rocha há apenas 1,6 g de lítio. A quantidade total de lítio na hidrografia marinha é muito grande e está estimada em cerca de 230 bilhões de toneladas. Os 3 países com as maiores reservas de lítio do mundo são o Chile com 9,2 milhões de toneladas de lítio no total, seguido da Austrália e da China.

O níquel é o quinto elemento mais comum na Terra. As reservas de níquel são estimadas em aproximadamente 350 milhões de toneladas. A Austrália, a Indonésia, a África do Sul, a Rússia e o Canadá têm mais de 50% das reservas mundiais de níquel.

O cobalto é um elemento relativamente raro, ocorrendo na faixa de 0,001% a 0,002% da crosta terrestre, sendo considerado o 30º elemento mais abundante da crosta. O país com a maior reserva e também maior produtor de cobalto do mundo é a República Democrática do Congo, com cerca de quatro milhões de toneladas métricas em 2022.

O manganês compõe aproximadamente 0.1% da crosta terrestre, sendo o 12º elemento mais abundante. A África do Sul tem, de longe, as maiores reservas de manganês do mundo, sendo também o maior produtor. Em 2022, as reservas globais totais de manganês foram estimadas em cerca de 1,7 bilhões de toneladas métricas.

  • Será que existem aspetos negativos a considerar na cadeia de produção de um carro elétrico? De acordo com o sétimo dado, a maioria das pessoas (79,7%) acha que sim, e os restantes (20,3%) acham que não.

A verdade é que existem. E há certos aspetos negativos que temos de ter em consideração na produção das baterias, que é um dos aspetos que constitui o carro elétrico. Todos os minerais aqui já falados, normalmente encontram-se a uma grande profundidade, fazendo, assim, com que seja necessário recorrer à mineração para que seja possível extraí-los para utilização a nível industrial. O aspeto negativo é que a mineração traz consigo diversos problemas como os impactos ambientais que têm alterações biológicas, geomorfológicas, hídricas e atmosféricas.

A nível de alterações biológicas a mineração pode levar à desflorestação causada pela procura e extração do minério onde depois mais tarde há uma grande quantidade de partículas que acabam por se depositar nas áreas em torno da mina e os ecossistemas locais sofrem uma grande degradação. A contaminação dos solos por elementos tóxicos provoca graves impactos na qualidade de vida das populações que dependem em grande parte dos produtos cultivados na região para a sua alimentação diária.

Em termos de alterações geomorfológicas destaca-se a alteração do terreno, que em vez de ser de uma paisagem natural é a de uma mina a céu aberto.

A nível de alterações hídricas destaca-se a influência nos sistemas aquíferos e linhas de água superficiais, que muitas populações utilizam para realizar as suas atividades como a agricultura, isto ocorre devido à enorme quantidade de produtos químicos necessários para a extração, o seu tratamento e ainda a manutenção de todos os materiais necessários para a atividade. Com isto, os reservatórios naturais de água ficam contaminados e que se podem esgotar.

Por último mas não menos importante temos as alterações atmosféricas. Em termos de saúde e em termos de qualidade de vida as alterações são significativamente graves. O ar é contaminado por poeiras e partículas de pequenas dimensões resultantes da exploração de minerais. Consequentemente há efeitos devastadores ao nível da saúde humana, uma vez que as pessoas que vivem perto desses locais de mineração podem ser expostas a produtos químicos e partículas perigosas, que poderão “infiltrar-se” através das vias respiratórias no organismo humano, provocando doenças respiratórias graves, cancro e outros problemas de saúde.

 

Caetana Botelho , Inês Duarte , Nichita Misac